quinta-feira, 26 de abril de 2012

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Desertor ou Homem?


A dor não pede compreensão, pede respeito. Não abandonar a cadeira, ficar sentado na posição em que ela é mais aguda.
Vejo homens que não têm coragem de terminar o relacionamento. Que não esclarecem que acabou. Que deixam que os outros entendam o que desejam entender. Que preferem fugir do barraco e do abraço esmurrado. Saem de mansinho, explicando que é melhor assim: não falar nada, não explicar, acontece com todo mundo.Encostam a porta de sua casa (não trancam) e partem para outra vida.
Não é melhor assim. Não tem como abafar os ruídos do choro. O corpo não é um travesseiro. Seca com os soluços.Não é melhor assim. Haverá gritos, disputa, danos. É como beber um remédio, sem empurrar a colher para longe ou moldar cara feia. É engolir o gosto ruim da boca, agüentar o desgosto da falta do beijo.

Haverá uma estranha compaixão pelo passado, a língua recolhendo as lágrimas, o rosto pelo avesso. Haverá sua mulher batendo em seu peito, perguntando: "Por que fez isso comigo?" Haverá a indignação como última esperança. Haverá a hesitação entre consolar e brigar, entre devolver o corte e amparar.

Vejo homens que somente encontram força para seduzir uma mulher, não para se distanciar dela.
Para iniciar uma história, não têm medo, não têm receio de falar.
Para encerrar, são evasivos, oblíquos, falsos. Mandam mensageiros.
Não recolhem seus pertences na hora. Voltarão um novo dia para buscar suas coisas.Não toleram resolver o desespero e datar as lembranças. Guardam a risada histérica para o domingo longe dali.


Mas estar ali é o que o homem precisa. Não virar as costas. Fechar uma história é manter a dignidade de um rosto levantado, ouvindo o que não se quer escutar. Espantado com o que se tornou para aquela mulher que amava. Porque aquilo que ela diz também é verdade. Mesmo que seja desonesto. Desgraçadamente, há mais desertores do que homens no mundo.


Deveriam olhar fora de si. Observar, por exemplo, a dor de uma mãe que perde seu filho no parto, uma dor de "gerar por 9 meses o amor, gerando o amor solitariamente" O médico colocará o filho morto no colo materno. É cruel e - ao mesmo tempo - necessário. Para que compreenda que ele morreu. Para que ela o veja e desista de procurá-lo. Para que ela perceba que os nove meses não foram invenção, que a gestação não foi loucura. Que o pequeno realmente existiu, que as contrações realmente existiram, que ela tentou trazê-lo à tona. Que possa se afastar da promessa de uma vida, imaginar seu cheiro e batizar seu rosto por um instante.
Descobrir a insuportável e delicada memória que teve um fim, não um final feliz. Ainda que a dor arrebente, ainda é melhor assim.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Errei, me perdoa...

Um casal de amigos terminou um relacionamento de oito anos faz umas duas semanas. O cara foi a uma festa na sexta-feira, encheu a cara e acabou ficando com uma guria. Obviamente a mulher ficou sabendo pelas "amigas" — sempre elas, não? — que estavam na danceteria (vocês acham que nunca ficamos sabendo...mero engano..o mundo é um ovo). Sábado nem rolou DR: foi pé na porta direto! E pé na bunda, também. Domingo já estava ele com a famosa caixa de pertences no pé da cama do próprio quarto. Lamentava a burrada que fez. Desolado.

Não tenho o costume de me meter nas brigas entre os amigos. Mas gosto muito deste casal. Eles se dão bem, sabe? Combinam, como gostam de dizer por aí. Fui até a casa da guria. Não estava disposta a convencê-la de que deveriam voltar, mas queria entender o ocorrido
Sabe o que é o pior de tudo? Ela estava disposta a reconsiderar e tentar passar por cima do deslize do namorado. Nem precisei falar sobre os dois. Ela mesmo saiu falando. Me senti um padre ouvindo confissões. Ela me explicou que eles haviam conversado sobre noivar, casar e tudo mais algumas semanas antes desta sexta(confesso que já vi esse filme antes..mas enfim...segue o baile, rs)

Porém, entendi tudo e não tive como argumentar quando ela disse a seguinte frase: Só queria que ele dissesse a verdade, mas não, disse que foi a única vez..que nunca tinha feito isso. Não foi homem suficiente para admitir e dizer: "errei, me perdoa". E, juro, se ele tivesse feito isso, não tivesse subestimado a minha inteligência (foi uma única vez), estávamos juntos neste momento tentando superar isso. E essa frase não sai de minha cabeça Não foi homem suficiente para admitir seus erros e dizer: "errei, me perdoa".

Não me venha com o papo de que estou generalizando, mas homens tendem a ter dificuldade em dizer "errei, me perdoa". Vocês culpam todos e tudo ao redor e não dizem "errei, me perdoa". E é por isso que essa frase não sai de minha cabeça: quantos relacionamentos não devem ter terminado porque não foi dito "errei, me perdoa"? Quantas vezes você ou teu amigo mais próximo — ou até nem próximo assim — perdeu a grande chance da vida porque não disse "errei, me perdoa"? Porque não soube admitir...fui um sacana, vamos reconsiderar? Mas preferem se esconder em mentiras...que na boa...sabemos que são mentiras...e vocês nos tiram pra otárias!!

Vocês..homens..pq tem a tendência a continuar achando que enganam a todos?? (e a vcs mesmos) Às vezes acho que vcs não tem sentimento e querem uma boneca inflável em vez de uma companheira ao lado.. Pensem: estou realmente tentando de todas as formas descobrir a importância de saber falar "errei, me perdoa". Para, quem sabe, na hora que vc precisar dizer isso, saia naturalmente. Saia com a certeza de que vc errou e precisa de perdão.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

me conhecer...

Amar é descobrir os avessos. É olhar o outro lado, o nunca visto, o não investigado.
Amar é exercício de investigação, de constante e atenta observância.
Só o observar silencioso da existência nos capacita para uma formulação de palavras.

Só pode dizer alguma coisa sobre uma pessoa, aquele que soube demorar, que soube ficar, permanecer, vigiar, descobrir. As palavras reveladoras só nascem depois da observação silenciosa.

Uma mulher não se sente amada no momento em que o homem a proporciona uma noite de amor, apenas...Mas sobretudo no momento em que se sentam à mesa de um restaurante, e sem que ela diga nada ele lhe pede o prato favorito.

Amar é descobrir os gostos, os sabores particulares, os desejos mais ocultos.

Amar é saber a cor favorita, o número que calça os pés, o que causa medo e o que encoraja...

amar é conhecer...